A casa
É diante desta mata, nas montanhas do Estado do Rio de Janeiro, que, aos 27 anos, Lygia criou sua primeira morada. Se chama Boa Liga. É lá a matriz da Casa Lygia Bojunga, com filial no Rio, no bairro histórico de Santa Teresa.
“… eu costumo chamar a Boa Liga de Matriz porque é lá que eu sonho com mais força…“
“… nas trilhas por onde eu ando – sejam de água ou de terra…“
“… nos bancos onde me demoro – pensando no feitio que eu vou dar
a isso ou àquilo… “
“… debruçada na janela do quarto onde escrevo (de olho perdido no verde) – eu sonho de me acabar! Depois, aqui, ali, aos poucos, vou extraindo dos sonhos os meus personagens, os meus projetos de trabalho, a minha vida. Foi na Boa Liga que, um dia, eu sonhei criar uma casa editorial para o meu pessoal…“
A Casa Lygia Bojunga surgiu de uma necessidade da autora conhecer e esmiuçar o caminho que seus personagens têm que percorrer até chegar às mãos dos leitores. Com essa trajetória Lygia quer aprofundar sua relação com o livro – o que vem fazendo de várias maneiras há muitos anos. A Casa (que nasceu com a discrição que caracteriza a sua criadora) não tem a intenção de publicar outros autores; foi criada para abrigar, unicamente, os personagens de Lygia.
A parte editorial da Casa Lygia Bojunga está situada no bairro de Santa Teresa, na cidade do Rio de Janeiro.
“… embora morando no Rio desde pequena, só conheci Santa nos meus dezenove anos. Me apaixonei logo pelo bairro. E sonhei um dia morar lá. (O sonho se fez verdade). Naquela época eu estava me preparando para um vestibular de medicina: meu sonho era poder aliviar o sofrimento de quem viesse a mim, quer dizer, dos meus pacientes. Mas no meu primeiro contato com Santa, o sonho deu uma guinada: ganhei um primeiro lugar nos testes que se realizavam para a peça que ia inaugurar o Teatro Duse, naquele bairro, iniciei em seguida uma carreira teatral muito intensa (mas curta), e meu sonho pegou o feitio de poder emocionar quem viesse a mim, isto é, o meu público. (Desde muito cedo senti atração pelo palco, inclusive, nas escolas, gostava de criar grupos de teatro amador.) Agora já faz tempo que – depois de encontros e desencontros com uma vocação que se anunciou nos meus 7 anos, quando inventei meus primeiros personagens – eu assumi por completo a minha vocação literária e o meu desejo de viver com livro, viver pra livro, viver de livro, sonhando alimentar a imaginação de quem vem a mim, quer dizer, de quem me lê.“
Medalha Hans Christian Andersen
Lygia Bojunga foi a primeira escritora fora do eixo Europa-Estados Unidos a receber a medalha Hans Christian Andersen, um dos maiores prêmios mundiais concedido a autores para a infância e juventude. Na ocasião – 1982 – Lygia tinha apenas seis livros publicados: Os colegas, Angélica, A bolsa amarela, A casa da madrinha, Corda bamba e O sofá estampado.
A opinião dos vários jurados internacionais do prêmio HCA, quando, primeiramente, elegeram Lygia como uma escritora altamente recomendada para a medalha, foi transcrita no Jornal do Brasil em artigo da escritora Ana Maria Machado, na época, membro do júri.
Após o prêmio Andersen, a obra de Lygia se espalhou pelo mundo e a autora teve livros publicados em dezenas de idiomas.
Prêmio ALMA
Em 2004, Lygia recebeu, na Suécia, o prêmio ALMA (Astrid Lindgren Memorial Award), a maior premiação internacional até hoje conferida à literatura para crianças e jovens.
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Os livros da autora estão todos publicados na Editora Casa Lygia Bojunga.